quinta-feira, 20 de maio de 2010

Impotência


Quando o homem dá a Deus a oportunidade de agir em sua vida

Não são raras as vezes em que nos percebemos em situações de concreta impotência. Diante de uma dor, da rejeição, de uma traição, de alguma enfermidade, ou diante do intenso sofrimento de alguém ou diante de alguma perda; enfim, muitas vezes e de diversos modos a impotência faz questão de visitar o coração do homem no intuito de povoá-lo de angústia e incompreensão.

Desavenças e Conflitos na Família

As desarmonias vividas pelas pessoas no cotidiano familiar são mencionadas como fator de sobrecarga emocional.
São pais diante de conflitos na educação dos filhos; filhos deparando com dificuldades no entendimento com os pais; esposos e esposas tendo desavenças. Muitas adversidades se levantam na vida, fazendo com que nos encontremos com problemas maiores que nossas próprias forças.
A compreensão da situação de impotência se manifesta a partir do momento em que percebemos que as coisas fugiram do nosso controle, saindo da rota de nossos esquemas e projetos. Essa situação frustra nossas expectativas e bagunça nossas certezas. Porém, a impotência – sensação de não saber enfrentar a dificuldade e de não ter mais o que fazer diante do problema – pode ser desvendada como um fecundo espaço de Revelação.
O ser humano traz em si a tendência ao orgulho, à auto-suficiência, e a impotência – vista sob a ótica da Graça – pode se transformar em um lugar de abertura Àquele que é maior que o homem e seus dramas, sendo assim um território de rompimento com o egoísmo e de encontro com o Sagrado.
Em situações de impotência temos a oportunidade de confiar não na própria força e capacidade, mas no poder de Deus, dando a Ele – a partir de nossa fé – a possibilidade de realizar o que para nós é impossível.
Dessa forma, o homem dá a Deus a oportunidade de ser Deus em sua vida e de fazer a Sua obra do Seu jeito, sem querer condicioná-lo às suas vontades e à sua compreensão das coisas.
Quando temos muitas certezas e estamos muito seguros de tudo, corremos o risco de querer ser os “oleiros”, fazendo de Deus o nosso pobre “barro”.
Quem acredita mais na força de seus próprios esquemas e projetos do que na Ação e Condução de Deus, deixa de crescer e de descobrir os novos caminhos que a Divina Providência deseja inaugurar em sua história.
Somente na pobreza de certezas e seguranças temos a possibilidade de confiar inteiramente em Deus, acreditando que Ele está agindo e que fará o melhor para nós, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que gostaríamos. A impotência também é lugar de restauração e recomeço, pois, somente quando um antigo edifício é derrubado – quando antigas convicções se “bagunçam e caem…” – é que pode ser feita uma nova obra, mais consistente e que possa corresponder melhor às exigências do tempo presente.
A impotência revela a nossa pequenez e o nosso “nada”, mas pode revelar também a grandeza do Deus que cuida de nós e que pode transformar todas as coisas.O ponto de partida para a eficaz ação de Deus no homem é o seu nada, pois é no nada deste que se manifesta o tudo de Deus (2 Cor 12,10b).
Confiemos em Deus e não nos desesperemos diante daquilo que foge ao nosso controle. Aproveitemos – essas difíceis situações – para nos lançarmos nos cuidados d’Aquele que está sempre pronto a nos sustentar com Seu poder e busquemos n’Ele a resposta e o sentido para as dores e lutas que compõem essa vida.

Texto: Elizete - CMA