Já faz algum tempo que Pato Donald e Mickey Mouse deixaram de encantar as crianças. Agora, elas parecem buscar personagens mais dinâmicos, detentoras de habilidades surpreendetes, admiráveis, hiperpoderosos. De Supeman, Batman a personagens japoneses que evidenciam força, coragem e o desejo de dominar o mundo.
Os jovens, por sua vez, vêm elegendo com idolatria atores e cantores famosos, que parecem espelhar o desejo dessa geração - sucesso, fama, dinheiro, admiração, reconhecimento incondicional, garantia de ter sempre quem complemente sua vaidade. Tudo acontece de forma intensa, rápida como se a vida fosse acabar no momento seguinte.
A devoção a celebridades leva-nos a pensar na natureza humana e em fenômenos vinculados à história e à cultura dos povos. Os primeiros ídolos eram figuras de deuses. Com o passar do tempo, líderes políticos, revolucionários, intelectuais e artistas experimentaram a idolatria.
Com o advento do capitalismo, caracterizando a sociedade de consumo, os movimentos de massa trouxeram novas demandas para o homem, criando novos ídolos. Símbolos da cultura pop encantam, fazendo com que o desejo de muitos se limite a copiar modelos fantasiosos de uma realidade mascarada. São oferecidas à identificação de crianças, adolescentes e jovens figuras que as alienam e desrespeitam a dimensão intelectual, empobrecendo o pesamento crítico.
O que querem realmente os adolescentes e jovens dos dias atuais? Seria essa correria por espaços virtuais e concretos (reais) uma forma de encontrar respostas que conseguissem preencher o intolerável sentimento de solidão, o vazio e o incômodo decorrente da inabilidade em se comunicar? Ou pela falta de figuras significativas que os ajudassem na busca de sentindos para a vida?
O querem os jovens que não encontram em seu espaço de referência maior, suas famílias, em pessoas mais próximas, como seus irmãos e amigos? Talvez para esses jovens as referências não mais estejam no núcleo familiar nem em outros grupos sociais.
O homem da atualidade parece usar o tempo de forma a entender as demandas da sociedade; evita situações onde a intimidade se faça presente. Precisa de ídolos e sofre o infortúnio de vê-los morrer como se eles fossem pessoas integrantes de seu mundo real.
Artigo escrito pela Dra. Célia Maria Ferreira da Silva Teixeira - psicoterapeuta.
Fonte: Jornal O Popular.
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